segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O cavalo


A fotografia faz-se, muitas vezes, de oportunidades. Melhor, há oportunidades que não se deveriam perder, o que, infelizmente, nem sempre acontece. Felizmente, não foi bem o caso.

Fim de tarde e vou para casa. Conheço bem a estrada e o que a rodeia. Sei como a paisagem se transforma nas estações do ano e como a luz se expande pela mesma. Há dias fantásticos, outros mais ou menos e alguns que atraem tanto como uma velhinha de 90 anos...

Neste dia o sol está quase a desaparecer no horizonte. Tenho pouco mais de 10 minutos, quando olho para o lado e vejo um cavalo iluminado pela cor alaranjada do final de dia. Imperdível.

Na primeira oportunidade inverto rapidamente a marcha. Sei que tenho muito pouco tempo... mesmo. Tenho de tentar aproveitar a oportunidade. A tal oportunidade de que falei no início. Não sei quando é que a conjugação destes dois fatores - cavalo e pôr do sol - se vão repetir. Ou se vão voltar a repetir.

Paro o carro rapidamente, tiro a mochila e corro apressadamente para o local. Pelo caminho ainda retiro a máquina. Felizmente tenho a objetiva, que pretendia para o momento, encaixada na câmera. Numa primeira fase opto pela Canon 24-70mm.

O cavalo levanta a cabeça - boa! - como forma de averiguar o que se está a passar. Eventualmente apreensivo pelo meu vulto. É a oportunidade que preciso para começar a enquadrar e a disparar.

Na imagem 'Horse I' decidi incluir o próprio sol. Merecia, tal era a intensidade, mas principalmente a cor, que oferecia a toda a cena. Decido também integrar o cavalo no cenário que está à minha frente. Num plano nem demasiado fechado, nem de forma a tornar o cavalo num ponto sem significado. Ali está ele, a olhar para mim, com o sol a iluminá-lo e com o espaço que o envolve.

Troco rapidamente de objetiva. Quero aproximar-me sem me chegar mais perto. Opto pela Canon 70-200mm e espero que o cavalo volte a olhar para mim. Decido mexer-me um pouco e lá volta ele a dar-me atenção. Nem pestanejo e carrego no botão do obturador. Achei que tinha ali a foto. A tal que registava o momento, a oportunidade, no seu melhor.

Parece que demorou uma eternidade mas, de facto, passaram uns dois ou três minutos. O sol acabava por finalmente desaparecer de cena. Chega o tratador e leva o cavalo embora. Foi a minha oportunidade. Se não tivesse voltado para trás não tinha conseguido estas imagens. E tinha ficado frustrado se não as tivesse feito.

Há dias em que tudo se conjuga para umas fotografias interessantes. E, por isso, convém estarmos preparados para as registar. Quando conseguimos, a satisfação é enorme!

2 comentários:

  1. Muito Bom, gostei muito do texto e ando com este pensamento a tempo, me sinto nú quando estou sem a câmera ao lado, ela me completa!

    Felipe Barbosa
    Resende-RJ
    felipe.foto@ymail.com/flickr

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