Lá fora o céu encontra-se coberto de
nuvens. Daquelas que todos os fotógrafos, principalmente os de
paisagem, gostam. Estar em frente ao computador e olhar pela janela
com condições destas torna-se doloroso e a ansiedade apodera-se de
mim. O dia de trabalho termina mais cedo. Está adiantado e neste
momento continuar a olhar para o ecrã já não tem qualquer efeito
produtivo. Shutdown.
Mas para onde ir agora? Devia ter
pensado nisto mais cedo, mas já é tarde para este tipo de análise.
O melhor a fazer é tentar (re)visitar algum local que já conheça e
possa ainda não ter explorado convenientemente. No carro, a caminho,
logo decidirei para onde ir...
Como ainda tenho uns largos minutos até
ao pôr do sol, volto a um local conhecido, mas não totalmente
explorado. Cais de canoagem da Figueira da Foz, novamente, mas desta
vez com uma luz diferente das visitas anteriores. E com nuvens.
É curioso como se conseguem descobrir
novos motivos para fotografar, mesmo em locais que conhecemos, que
nem sequer tínhamos reparado anteriormente. Logo à entrada
deparo-me com um cenário que pode dar uma boa composição. A luz
está baixa e agradável. Encosto o carro e preparo o material
fotográfico.
Na máquina levo encaixada a objetiva
mais angular que tenho, a Canon 17-40mm. Muitos queixam-se da sua
qualidade, ou da falta de parte dela. Eu adoro-a. Ainda não consegui
perceber muito bem porque se lamentam algumas pessoas. Talvez seja eu
que não perceba muito disto. É uma forte possibilidade.
À minha frente tenho imenso verde, uma
flor de pé alto de tom alaranjado, água e nuvens. Todos os
ingredientes que preciso para tentar cozinhar alguma coisa de jeito.
O sol está a desaparecer no meu lado direito, a posição ideal para
tirar partido do filtro polarizador. Com ele vou poder saturar um
pouco as cores, aumentar o contraste no céu e controlar o reflexo na
água. Preciso também de um ND 0.6 Gradiente, por forma a reter mais
informação do céu, ou seja, de equilibrar a exposição em toda a
imagem.
Registo o momento e gosto do resultado.
As cores, a luz lateral, as nuvens no céu, tudo conjugado mais
parece um quadro. Nem a brisa, já um pouco fresca, que corre me
perturba. Neste momento estou concentrado e quero aproveitar ao
máximo o tempero deixado por S. Pedro. Depois de vários dias sem
nuvens, oferece esta prenda.
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